Receitas Tradicionais

Embora o património gatronómico de Minde não seja particularmente diversificado e elaborado não se deixam de partilhar de geração em geração certos pratos como a cachola que se fazia aquando da matança dos porcos que era considerado um momento especial nesta freguesia.
Com a carne do mesmo porco fazia-se as delicisas morcelas tão apreciadas por todos nós e das quais não queremos esquecer nunca a sua receita.

Morcela

. 2,5 kg de carne de porco ( arreigada e outras carnes gordas )
. 1 kg de arroz
. 1 ramo de salsa
. 2 cebolas
. cominhos
. cravinho
. colorau doce
. piripiri
. sal
. sangue de porco líquido
. tripas de porco largas
. 2 laranjas

Lavam-se muito bem as tripas, esfregando-as várias vezes com sal, limão, laranja e cebola e de seguida guardam-se numa tijela até serem utilizadas.

Corta-se a carne com bocados pequenos, tempera-se com sal, cebola picada, salsa, cravinho, colorau doce e piripiri.

Aferventa-se o arroz à parte numa panela com água a ferver durante três minutos e mistura-se na carne já temperada. Deixa-se arrefecer e junta-se-lhe o sangue até dar cor.
Enchem-se as tripas com a mistura de carne e arroz deixando um espaço vazio para não rebentarem.
Vão a cozer em água e com o molho que sobrou do resto da carne, durante a cozedura picam-se com uma agulha.
Depois de cozidas retiram-se as morcelas aproveitando-se a mesma água para cozer carne de porco e couve lombarda.
Finalmente, colocam-se as morcelas numa travessa acompanhadas com a carne de porco e a couve.

Cachola de Porco

. 1 chávena de sangue de porco
. 1 colher de chá de cravinho
. 1 colher de chá de cominhos
. colorau a gosto
. 6 dentes de alho
. malagueta
. 2 folhas de louro
. 0,5 dl de vinho tinto
. 2 colheres de sopa de banha de porco ou o véu ou rissol
. 1 colher de sopa de azeite
. sal
. batatas de tamanho médio

Corta-se aos bocados uma cachola de porco - fígado, coração, bofe, passarinha ( baço ) - para dentro de um alguidar, juntam-se o cravinho, os cominhos, o colorau, o louro, a malagueta, o sal, o vinho e os alhos bem picados.
Deixa-se marinar durante uma ou duas horas.
Num tacho de barro põe-se a gordura e o azeite, deita-se a marinada da cachola e deixa-se apurar até ficar bem frita. Rectificam-se os temperos e deita-se uma chávena de sangue. Deixa-se levantar fervura e mexe-se até engrossar.
Entretanto, cozem-se batatas com a pele, descascam-se, cortam-se às rodelas e juntam-se à cachola.

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A sopa mais apreciada por todos, era a de couves com feijão .

Couve com Feijão

. 0,5 l de feijão branco
. couve galega q.b.
. 2 cebolas médias
. azeite
. dentes de alho
. sal

Demolha-se o feijão de um dia para o outro e leva-se a cozer com sal, um fio de azeite e uma cebola.
Corta-se a couve tipo juliana grossa e lava-se em várias águas para tirar o verde. Dá-se uma leve cozedura e escorre-se a água.
Junta-se então o feijão, alho picado, uma cebola, azeite a gosto e deixa-se acabar de cozer.

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Os doces também não faltam nas tradições gastronómicas desta freguesia. Os seus sonhos são realmente uma delicía.

Sonhos

. 1 chávena de água e leite em partes iguais
. 1 chávena de farinha
. 8/9 ovos
. manteiga q.b.
. 1 colher de café de fermento em pó

Leva-se ao lume um tacho com a água e o leite.
Junta-se uma pitada de sal e um pouco de manteiga. Quando levantar fervura deita-se a farinha. Vai-se mexendo e deixa-se cozer até despegar do fundo e fazer uma bola. Retira-se do calor, deixa-se arrefecer um pouco e adiciona-se o fermento em pó e depois os ovos um a um, batendo entre cada adição ( a massa não deve ficar nem muito mole nem muito dura ).
Deitam-se colheradas desta massa em óleo medianamente quente e deixam-se fritar até os sonhos ficarem louros.
Os sonhos viram-se sózinhos e terão de rebentar.
Escorrem-se e polvilham-se com açúcar e canela.

Nota: A cozedura dos sonhos, que é muito lenta, deve ser feita em óleo com temperatura constante.

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Uma das tradições que ainda perdura em Minde é o " Pão por Deus ". Nas vésperas do Dia de Todos os Santos, fazem-se as " mindeiras ".
No dia 1 de Novembro, logo pela manhã, as crianças em grupo percorrem as ruas da vila com umas bolsas - antigamente feitas de retalhos. Assim se pede o " pão por Deus ", constituído por frutos secos, "mindeiras", dinheiro, rebuçados e línguas de gato. Actualmente prevalece o dinheiro.
Há anos atrás era costume, neste dia, as raparigas solteiras darem as "mindeiras" aos seus compadres, retribuindo assim as amêndoas que estes lhes haviam dado na Páscoa.

Mindeiras dos Santos

. 2 kg de massa lêveda
. 12 ovos
. 2 kg de açúcar
. 250 gr de manteiga
. 2,5 dl de azeite
. 75 gr de erva doce
. 25 gr de canela
. 50 gr de bicarbonato
. 0,5 l de leite
. sumo e raspa de 2 limões
. nozes
. 4 kg de farinha

Depois de tudo bem amassado, tendem-se pequenas bolas que se pincelam com ovo batido e polvilham com açúcar.
Cozem em forno bem quente.

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